O ar carrancudo de José Mourinho já se tornou um clássico mas desta vez o técnico português tem razões de monta. Com todas as ausências, a pré-época do Manchester United foi um não-acontecimento. A suposta ida ao mercado não deu em nada, pelo menos dentro da lista de compras que o treinador tinha definido como importantes. Olhando em volta ele vê os concorrentes diretos a investir forte e sabe que corre sérios riscos de perder competitividade.

A pressão da concorrência

As queixas de Mourinho seriam ridículas se a Premier League não fosse o que é. Mas quando o campeão em título, rival da cidade, construiu um super-plantel, com um treinador de topo, e dominou por completo o futebol inglês, fazendo também boa figura na Liga dos Campeões, a pressão escala. Por força desta potência, os restantes clubes que pretender lutar pelo título têm que elevar a fasquia para continuarem a ser competitivos. O Liverpool fez isso mesmo, o Arsenal está a reconstruir: há motivos de preocupação.

Manchester_United_Alexis_Sanchez_Ander_Herrera_SmallingA pré-temporada do Manchester United foi um não-acontecimento. Tantas foram as ausências, por lesão ou por férias tardias dos internacionais presentes na fase final do Mundial, que pouco foi possível fazer em termos de trabalhar com os jogadores a época que hoje arranca. Claro que não é um problema exclusivo dos Red Devils, quanto mais cotados são os elementos do plantel, maior a probabilidade destas coisas acontecerem. Mas com o mal dos outros pode Mourinho bem.

Houve ainda aquele incidente com a viagem de Martial para acompanhar o nascimento do filho mas isso é só mau-feitio misturado com uma clara intensão de se ver livre do jogador francês, que por vontade do treinador já tinha saído dos quadros. Mourinho insiste neste papel de “pai tirano” que vai alienando os jogadores a sua disposição, apesar da abordagem lhe ter valido já vários dissabores.

Em termos de resultados objetivos, a pré-época não foi desastrosa: empatou com o Milan (1-1, 8-9 g.p.), venceu os Merengues (2-1) e perdeu o último encontro, com o Bayern (1-0). O sinal mais preocupante veio mesmo do desaire pesado frente aos Reds (1-4), sobretudo porque evidenciou que o conjunto de Klopp estava já numa fase mais adiantada de preparação.

José Mourinho não gosta de perder, isso é por demais evidente. E quando olha em volta percebe que não tem as mesmas condições que Guardiola e Klopp, por exemplo. O top-4 em Inglaterra está cada vez mais exigente e ele sabe que ao invés de se aproximar do nível do City o United corre o risco de perder a condição de vice no campeonato.

Mercado pariu um rato

Manchester_United_Andreas_Pereira_Jose_MourinhoO mercado de verão do Manchester United foi fraquinho. Objetivamente, os reforços são Fred – médio-centro vindo do Shakhtar Donetsk por quase sessenta milhões de euros – e Diogo Dalot – contratado ao Porto por vinte e dois milhões. Para ajudar à festa, o lateral-direito chegou lesionado e só volta ao ativo em setembro. Lee Grant, a outra contratação, é para cumprir cotas. Andreas Pereira, o médio ofensivo que regressa à base de pois de empréstimo ao Valencia, neste contexto ainda pode vir a ser uma dos reforços com maior impacto. Para já vai ter oportunidades de se mostrar.

Para a jornada inaugural o Manchester United tem seis jogadores lesionados mais um quinteto em dúvida. Dalot, Matic, Rojo, Sérgio Romero, Valencia e Herrera são as baixas, com paragens mais ou menos prolongadas. A estes juntam-se os internacionais que não fizeram um único jogo de pré-temporada. Paul Pogba, Marouane Fellaini e Anshley Young regressaram ao trabalha na passada segunda-feira; Jesse Lingard e Romelu Lukaku apresentaram-se uma semana antes. Mourinho disse que ia conversar com os jogadores individualmente para perceber como se sentem fisicamente e que contributo poderiam dar à equipa. Mesmo não estando a cem por cento, o técnico gostaria de poder tê-los no banco para qualquer eventualidade.

Boas Apostas!