A nova temporada do basquetebol português começa, este fim-de-semana, e os dados estão lançados para voltarmos a ter a LPB como centro merecedor de atenções. O regresso do FC Porto, o fortalecimento dos plantéis e as presenças de duas equipas nas provas europeias gerarão uma série de barreiras e desafios para os treinadores portugueses. Mas também é uma Liga de incógnitas aquela que está prestes a começar. Com várias equipas ausentes do Torneio António Pratas, as primeiras jornadas servirão para avaliar a real condição dos candidatos a estarem na luta pelos lugares da frente.

Outros favoritos, mas o Benfica ainda é mais forte

A vitória no Troféu António Pratas serviu, seguramente, para garantir que o Benfica ainda é a equipa mais forte do basquetebol português. Os reforços foram cirúrgicos, num plantel que aparece rejuvenescido e, espera-se, menos exposto a lesões. O efeito Daequan Cook poderá vir a fazer sentir-se nos jogos mais apertados, enquanto não faltam opções para rodar a equipa num calendário bastante exigente.

Benfica Porto

Os dois grandes de novo a disputar o título

Para o FC Porto, este é um ano de adaptação a uma nova exigência. Os inúmeros testes disputados perante equipas espanholas dão aos Dragões, nesta fase, uma real consciência das suas forças e fraquezas. À qualidade tática da equipa, falta ainda perceber quem serão os jogadores que serão decisivos nos momentos de “aperto”. A falta de experiência só será compensada em jogo, pelo que existe a expetativa de ver esta equipa crescer durante a temporada, sem se conhecer ainda qual será o teto do coletivo de Moncho Lopez.

O espaço das incógnitas

O Vitória de Guimarães perdeu Paulo Pinto, Doug Wiggins e José Silva, mas mantém Paulo Cunha, João Balseiro e Marcel Momplaisir. Anthony James promete ser um jogador com foco total no cesto, enquanto Pedro Catarino terá a dura tarefa de participar nesta remodelação quase total do jogo exterior. Para Fernando Sá esta parece ser uma temporada difícil, tendo que adaptar a sua filosofia às características dos jogadores disponíveis para conduzir o jogo. Ainda assim, a sua constância nos jogos perante os adversários do meio da tabela poderão valer-lhe boa posição na luta pelo terceiro lugar.

A Ovarense falhou a final do António Pratas, mas terá sido a equipa que deixou melhor imagem da passagem por este torneio. Nick Novak e Keaton Jackson são dois jogadores a seguir, num plantel com imensa experiência e forte identidade. Felix Alonso tem plantel para levar a Ovarense de volta ao topo da Liga, sendo uma equipa muito difícil de ultrapassar.

oliveirense

Até onde pode aspirar a Oliveirense?

Para a Oliveirense, a melhor notícia é, sem dúvida, a chegada de José Ricardo Rodrigues. O técnico vem de um projeto de uma vida no Basquete Barcelos e encontrará em Oliveira de Azeméis as condições para construir uma equipa ainda mais atrevida no confronto com os grandes. Rui Coelho viajou consigo desde o Minho e promete ser uma arma num campeonato onde muitos jogos serão bem equilibrados.

O CAB Madeira é outra equipa que, olhando ao seu plantel, poderá estar na luta pelo terceiro lugar. O regresso de Fábio Lima dará mais consistência a uma equipa que, ao mesmo tempo, estará dependente da adaptação dos seus estrangeiros – ainda que o historial de americanos no CAB seja, em média, muito bom. Anthony Hill regressa à LPB para ser o homem do jogo interior, enquanto depois das dispensas de  Stuart Sullivan e Austin Richie, chegou o experiente Duke-Jermaine Forbes, vindo do Montbrison, de França.

Objetivo playoff

Depois de uma época fantástica, o Basquete Barcelos começa a partir do zero, com um novo treinador, João Tiago Silva, e com um plantel praticamente novo. A marca Dragon Force está presente no técnico e em vários jogadores (João Torrié, João Grosso, João Ribeiro, JP Fernandes), sendo também de destacar o regresso de Nuno Pedroso como referente de experiência. O estrangeiro que levanta mais curiosidade é Andrew Ferry, que aprimorou em Espanha (dois anos na Liga EBA) um estilo defensivo com bom lançamento que trazia de Cornell. Mas substituir Nuno Oliveira não será nada fácil…

O Lusitânia também passa por uma enorme reformulação, com destaque para a chegada do técnico José Calabote. Mohamed Camara terá a companhia do jovem base João Fernandes, chegado do Galitos, e de Stefan Djukic, como elementos nacionais do plantel. Sem ter participado no António Pratas, a valia dos seus estrangeiros é uma incógnita. Dylan Garrity chega de Sacramento State com excelentes números, enquanto Demetrius Phillips tem já larga experiência profissional e poderá fazer a diferença no jogo interior.

miguel minhava galitos

Miguel Minhava lidera o Galitos

O Galitos poderá ser a grande surpresa desta LPB. André Martins foi surpreendido com o fim do profissionalismo do Algés e leva consigo Diogo Correia e Henrique Piedade para a margem sul, para além de ter dois excelentes reforços nos empréstimos encarnados Artur Castela e Pedro Belo. Para liderar este conjunto, Miguel Minhava estará mais um ano a mostrar todas as suas qualidades no Barreiro. No que toca aos estrangeiros, Jordan Baker será o mais promissor, depois de uma excelente temporada na Pro B alemã. Urbane Bingham e Jarred Ogungbemi-Jackson, ambos rookies, merecerão um tempo para adaptação.

No fim da linha

Poderá soar injusto colocar o Maia Basket fora do grupo anterior, sobretudo se pensarmos que o clube orientado por Manuel Romão perdeu apenas Pedro Catarino, mantendo Nuno Marçal como grande referente. No entanto, perante o fortalecimento dos plantéis da LPB, os maiatos parecem ser aqueles que mais aquém ficarão deste crescimento de competências. Com uma segunda linha de jogadores com enorme experiência, a equipa fica em boa parte dependente da adaptação dos dois norte-americanos. Jordan Latham é praticamente um rookie, não tendo tido uma carreira NCAA merecedora de muito destaque, o mesmo se aplicando a Greg “Slim” Magee, que terá a seu favor o facto de ter 2m11.

Para o Elétrico, que faz a sua estreia na divisão maior do basquetebol português, esta será uma temporada de aprendizagens. A aposta de Andry Melnychuk passa por dar uma oportunidade a um plantel que vem muito rodado da Proliga, vendo sair apenas Aylton Medeiros e Pedro Afonso. Entre os reforços, experiência para o jogo interior, com Josimar Cardoso e Eky Vieira, enquanto André Miguens regressa a Ponte de Sor depois de ganhar calo na Liga com a camisola da Sampaense. Alimentar o sonho de fugir ao último lugar será o grande objetivo do representante do Alto Alentejo.

Sábado a bola vai ao ar e todos estes prognósticos começam a ser colocados em causa. Venha o espetáculo e as surpresas para animar a LPB!