O Real Madrid levou para casa mais uma Supertaça, o que não chega a ser notícia. Depois do que vimos em Skopje já ninguém pode regatear o estatuto de treinador a Zinedine Zidane. É inegável que o colosso espanhol tem muito melhor equipa mas ontem os Merengues trocaram as voltas à estratégia de Mourinho. Estará o treinador português a ficar previsível?
Zidane é treinador
O Real Madrid, vencedor da última edição da Liga dos Campeões, era grande favorito a levar a Supertaça para Madrid. O resultado final era, portanto, espectável. Como se chegou lá, contudo, tem muito que se lhe diga. Antes de mais, reconhecer que assistimos a uma grande partida de futebol, jogada a grande intensidade, com grande riqueza tática. As duas equipas lutaram com o arsenal que têm à sua disposição, que é bastante distinto. Mas foi, sobretudo, a noite de confirmação do treinador Merengue. Durante muito tempo foi regateado a Zinedine Zidane o estatuto de treinador de topo. O prestígio vinha da sua carreira e talento como futebolista. E mesmo quando se falava do seu sucesso no Real Madrid sublinhava-se sempre a forma como soube entender e comunicar com as estrelas da formação, a relação privilegiada que tem com os jogadores. Que é um facto, mas se referia como uma explicação para aquilo que lhe faltava, currículo como técnico. A partir do que vimos ontem em Skopje isso tem que mudar. O homem está legitimado.
Na guerra dos treinadores Zidane levou a melhor ao Special One. É verdade que tem à sua disposição um conjunto de jogadores de nível incomparavelmente superior. Mas perante a perspetiva de defrontar Mourinho, o francês soube estar um passo à frente na partida de xadrez. Sabendo que o português se preparava para impedir o Real de jogar, porque esse é o seu modus operandi, Zidane tinha duas opções. Jogar pelo seguro, contrariando aquilo que é natural nesta formação Merengue, ou apostar tudo na mobilidade que melhor lhe assenta.
Começa a ser difícil imaginar Real Madrid sem Isco a mexer os cordelinhos. Ele desabrochou neste sistema de Zidane que o força a procurar espaços onde eles estiverem. Sendo necessário sentar alguém no banco para a entrada de Cristiano Ronaldo, Gareth Bale parece ser o mais forte candidato.
O mestre pode estar ultrapassado?
Mourinho preparou o Manchester United para fazer coberturas individuais e a mobilidade do Real deixou a equipa sem referências. Até à primeira pausa para refrescar, à meia-hora, o United andou aos papéis, sem conseguir sair do terço mais recuado do terreno de jogo. Nessa altura os Red Devils começaram a conseguir baixar o ritmo de jogo, arrefecendo o ânimo dos Merengues, mas foi só no segundo período que disputaram realmente a final. A entrada de Marcos Rashford, com as suas arrancadas a deixar Carvajal pelo caminho, mexeu com o encontro. Ao fim de dez minutos, Marouane Fellaini preparava-se para entrar e alguém um comentário nas redes sociais ironizava que se o belga era a solução nem queria ver o problema. Mas o facto é que a sua entrada foi impactante, de imediato. O jogo tornava-se mais físico e aí o United conseguia ser superior. As disputas aéreas na área contrária acabariam com um choque de cabeças entre Fellaini e Sergio Ramos. O médio abriu o sobrolho, o que viria a condicionar a sua prestação subsequente. Se ele não tivesse ficado diminuído a história da final podia ter sido diferente. Provavelmente o Real venceria à mesma, mas ia sofrer muito na fase final.
Dois golos da noite, o de Casemiro e Lukaku, podem ter sido em fora de jogo, ainda que no limite. Mas pouco ouvimos falar nisso, felizmente. O jogo foi tão intenso e recheado de pontos de interesse que seria mesquinho reduzi-lo a discussões completamente secundárias.
Boas Apostas!