Não faltaram aspetos para destacar na oitava jornada da Premier League. O City prosseguiu a sua caminhada demolidora e isolou-se no primeiro lugar com uma goleada de 7-2 ao Stoke City. Ao início da tarde o United e Liverpool dividiram os pontos, anulando-se mutuamente. O Chelsea somou a terceira derrota da temporada frente à equipa de Hodgson. O reverso da medalha é que o Crystal Palace quebrou o enguiço e conseguiu o primeiro triunfo da temporada. No domingo o Watford veio de trás para bater o Arsenal em cima do apito final. Marcos Silva nem se tinha apercebido que assim ascendia ao quarto posto.
Liverpool com vitória moral, que não dá pontos
O duelo entre Liverpool e Manchester United esteve à altura do que se espera de uma rivalidade clássica. Não houve golos mas houve tudo o resto, que para mim qualifica uma partida como especial. Os dois treinadores sacaram do conhecimento mútuo e dos conhecimentos táticos para levar a melhor. No rescaldo é fácil dizer que o Liverpool lutou pelos três pontos e o United ficou satisfeito com roubar um ponto. Os Reds dominaram o encontro, encostaram os Red Devils às cordas no segundo tempo e até se pode reconhecer que Jurgen Klopp esteve sempre um passo à frente no aspeto estratégico. Mas nunca conseguiu romper a linha de golo. A frustração do treinador alemão é compreensível porque apesar de poder reclamar uma vitória moral tal não se traduz em pontos.
José Mourinho leva para casa um ponto de consolação e há muito quem pense que esse era o objetivo. Mas o técnico português justifica-se, o que nem é bem o seu estilo. Cedo ficou claro o United tinha perdido a batalha do meio-campo. Essa foi a primeira jogada de antecipação de Klopp, colocar Can, Henderson e Wijnaldum. O treinador do United reconhece duas coisas: que precisou de banco para mexer na partida e não o tinha. Mudou os homens mais ofensivos, sim, mas o cerne do problema estava na linha anterior, e aí, com Carrick, Pogba e Fellaini lesionados, só havia os que estavam no relvado. Matic e Herrera jogaram noventa minutos em desvantagem, e cumpriram uma parte importante, a defensiva. E depois Moutinho também disse que estava à espera que Klopp se tornasse mais ousado, à medida que o tempo ia passando. Que, com sete pontos de desvantagem, o Liverpool retirasse um dos médios para meter mais um homem perto da área. Nunca aconteceu, o que manteve o impasse. Os Reds podem lamentar os extraordinários reflexos de David de Gea, mas o facto é que apesar de passarem grande parte do jogo com a posse de bola e no meio-campo adversário, foram mantidos a uma distância controlável da baliza do guardião espanhol.
Palace marca e vence
O Crystal Palace a surpresa da jornada. Até então os Eagles somavam só derrotas e ainda não tinham marcado qualquer golo na Premier League. E não é que foram longo romper a série negra na receção ao campeão em título? A paragem ter vindo mesmo a calhar para Roy Hodgson e seus homens. O regresso de Wilfried Zaha também teve peso neste desfecho. O Chelsea somou a terceira derrota da temporada, o que já deixa os Blues a nove pontos da liderança. É um fosso profundo, se considerarmos que passaram apenas oito jornadas.
Watford no top-4
O outro resultado sensação, ainda que menos inesperado, foi a vitória do Watford sobre o Arsenal. Mais uma vez os Hornets mostraram grande caracter e que são uma formação que acredita até ao fim. Vindos de trás, depois de Mertesacker ter aberto o marcador aos trinta e nove minutos. Ao intervalo, a equipa de Marcos Silva saiu do balneário determinada a correr atrás e acabou por conseguir igualar a meio do segundo tempo, na marcação de um penalti. Wenger estava furioso com a suposta simulação de Richarlison mas o avançado brasileiro limitou-se a cair ao sentir o toque de Hector Bellerín. Pode ter sido ligeiro mas existiu contacto. Ozil desperdiçou uma ocasião flagrante para repor a vantagem. Tom Cleverley, esse, não pestanejou e fez o golo que valeu três pontos e a ascensão ao quarto lugar, já em tempo de descontos. O treinador português estava radiante mas ainda nem se tinha apercebido que com a derrota do Chelsea o Watford tinha entrado no top-4. Os quinze pontos somados fazem deste o melhor arranque de sempre dos Hornets na Premier League e temos que recordar que este registo é ainda mais impressionante porque nas primeiras oito jornadas a equipa já roubou pontos a Liverpool (3-3) e Arsenal (2-1).