À exceção dos tenistas que integram as comitivas da França e Suíça, os restantes jogadores do circuito ATP já estão de férias e a planear o arranque da nova temporada. O World Tour encerrou no passado domingo, em Londres. Resumindo? Depois de meses de antecipação a montanha pariu um rato numa final que nem chegou a acontecer.
Os mesmos de sempre
E pensar que houve tantos jogadores a dar tudo o que tinham pelo privilégio de estar presente na O2 Arena, em Londres! Antes do arranque da prova muito se especulou sobre a chegada de sangue novo e do que poderia daí advir em termos de competição e projeção para o futuro da elite do ténis. A montanha pariu um rato, ou seja, tudo correu como era expectável que corresse e no fim venceu o mesmo de sempre, sem ter sequer que disputar o jogo derradeiro do título. Recapitulando, o que estas finais do circuito mundial provaram, sem sombra de dúvidas, se é que alguém realmente as tinha, é que não é por acaso que Novak Djokovic e Roger Federer – e Rafael Nadal, caso estivesse saudável – dominam há uma década a modalidade. Eles estão num nível à parte, muitos furos acima do resto da concorrência. Não quer isto dizer que sejam imbatíveis mas do ponto de vista da consistência, de serem capazes de manter o nível técnico e mental ao longo de temporadas consecutivas, são inequivocamente superiores. Por isso este evento que fecha a época foi tão estranho de assistir. Não seria pedir de mais que quando os oito tenistas mais cotados do ano se defrontam houvesse mais disputa, maior equilíbrio, mais incerteza até ao último momento. Não foi de todo isso que aconteceu. à parte o embate entre suíços, nas meias-finais, não vimos jogos jogados entre iguais. Novak Djokovic fez o que lhe competia: apresentou-se na máxima força, abordou cada partida com a seriedade de uma final e ficou surpreendido com a facilidade com que venceu cada um dos seus jogos. Sem oposição, acumulou as três vitórias nas fase de grupos que lhe garantiam terminar o ano no topo do ranking, e esperou a oportunidade para se sagrar campeão medindo-se com um dos melhores de todos os tempos. Mas Roger Federer foi obrigado a faltar ao compromisso, como muita pena sua. O suíço de trinta e três anos, depois de ter vencido os jogos do grupo e a meia-final com Wawrinka, viu-se na impossibilidade de disputar a final, com um problema nas costas. Mas aquela semifinal foi tudo o que devia ser: combativa, bem jogada, luta acesa em cada ponto, vários match points.
Kei veio para ficar
Uma palavra de apreço para Kei Nishikori. O japonês estreou-se nas finais do World Tour e termina o ano como o quinto tenista mais cotado do mundo. Foi, entre o dito sangue novo, o único que demonstrou capacidade de luta contra os dois melhores do mundo. Conseguiu evidenciar também, nesta sua estreia, a evolução tremenda que teve neste ano de 2014. Kei não se limitou a atingir o top-10. Se as lesões lhe derem descanso tem todas as condições para se manter nele e aproximar cada vez mais do topo da tabela. Precisa de melhorar o serviço para competir a este nível mas em tudo o resto o nipónico tem a qualidade e capacidade de trabalhar para se bater com qualquer um.
Nem se pode falar na desilusão que foram os novos. Andy Murray e Tomas Berdych sabem bem o que é andar nestes palcos e isso não lhes valeu de muito. O escocês, claramente, esticou demasiado a corda para conseguir o lugar entre os oito melhores. A acumulação de torneios, viagens e jogos dificilmente teria outro desfecho. Prestações muito fracas. O checo não esteve melhor, e nem sequer tem a desculpa do excesso de competição.
Apagaram-se as luzes em Londres e os olhos se fixam na próxima temporada, desejando ansiosamente poder contar com Nadal, Del Potro e todos os outros grandes executantes saudáveis e em boa forma física.